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30 Abril 2011

Passeio em Belém

O encontro foi às 10.00h, no Jardim Botânico da Ajuda, onde durante cerca de uma hora, se ficou a conhecer parte da história e da coleção do Jardim projectado por Domenico Vandelli a pedido de D. José, em 1768, para instrução dos príncipes D. José e D. João. Por ordem de D. João VI o Jardim foi aberto ao público todas as quintas feiras, tendo D. Luís mandado construir as estufas das orquídeas em 1874. O jardim sofreu um largo período de incúria até que, após o ciclone de 1941, Caldeira Cabral restabeleceu o traçado dos canteiros do tabuleiro superior. Entre 1993 e 1997, recuperou-se o Jardim sob a orientação de Cristina Castel-Branco, restaurando-se a coleção botânica, o sistema de rega e o jardim dos aromas. No plano superior visitámos as estufas e o jardim dos aromas; no piso inferior, viveiros, a mata e o jardim de aparato com buxos, a fonte das 41 bicas com animais da água e a escadaria monumental com a estátua do rei como imperador romano.

Passando pela Igreja da Memória (1760) – memorial do atentado a D. José, atribuído aos Távoras e de que se salvou –  desceu-se depois para o Palácio dos Condes da Calheta, pertencente em meados do século XVII a D. João Gonçalves da Câmara, primeiro proprietário do Palácio. D. João V adquiriu-o em 1726, passando para o Estado com a República, instalando-se aí o Jardim Colonial (1914) e o Museu Agrícola Colonial (1916) onde foi montada a secção colonial da Exposição do Mundo Português em 1940. Os revestimentos de azulejo são notáveis com silhares com cenas de caça e do quotidiano do último terço do século XVII, e com painéis neoclássicos com paisagens rústicas, de transição do século XVIII ao XIX. O jardim é constituído, essencialmente, por espécies exóticas cuja plantação se destinou ao estudo da flora das colónias portuguesas.

Mais em baixo, junto da Rua de Belém, parámos no Padrão do Chão Salgado, local do antigo palácio do 8º Duque de Aveiro mas também da execução do Duque e da sua família, dados como culpados do atentado a D. José. Inscrito no padrão lemos:

“AQUI FORAO AS CASAS ARAZADAS E SALGADAS DE JOZE MASCARENHAS EX AUTHORADO DAS HONRAS DE DUQUE DE AVEIRO E OUTRAS E COMDEMNADO POR SENTENÇA PROFERIDA NA SUPREMA JUNTA DA INCONFIDENCIA EM 12 DE JANEIRO DE 1758 JUSTIÇADO COMO HUM DOS CHEFES DO BARBARO E EXECRANDODESACATO QUE NA NOITE DE 3 DE SETEMBRO DE 1758 SE HAVIA COMMULADO CONTRA A REAL E SAGRADA PESSOA DEL REI NOSSO SENHOR D. JOZE. NESTE TERRENO INFAME SENÃO PODERA EDIFICAR EM TEMPO ALGUM.”

Por fim, visitou-se o Museu Nacional dos Coches, fundado em 1905 pela rainha D. Amélia para albergar a coleção de viaturas, já em desuso e pertencentes à Casa Real. O edifício fora construído para picadeiro, segundo projecto de Giacomo Azzolini e destinado à educação equestre dos príncipes, mas já no século XIX servia como cocheira.

Encontrámos uma soberba coleção com viaturas do século XVII ao XIX, cuja origem de fabrico é portuguesa, francesa, espanhola, italiana, possivelmente holandesa e, mais modernamente inglesa.

Numa perfeita harmonia entre contentor e conteúdo, reúnem-se a melhor coleção de viaturas de aparato existente no mundo, num edifício cuja função primeira lhe era afim mas que recebeu especiais cuidados decorativos para abrir ao público como museu.

A manhã terminou com um excelente almoço de sabores orientais.


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